16 abril, 2006

Justa Rebeldia

JUSTA REBELDIA

Entendo pouco da vida,
mas ela também não me entende.
Sacrifico o amor pelo medo,
desisto quando estou ganhando,
desprezo o belo
pra me encontrar com o sujo,
o feio, o imperfeito.
Esqueço minhas qualidades,
ressalto meus defeitos,
adio os compromissos pra fazer
o que não precisa ser feito.
Brinco com coisas sérias,
durmo no meu trabalho
pra ter que trabalhar nas férias.
Eu não gosto dos bonzinhos,
eu gosto dos loucos,
dos artistas insensatos,
dos tortos, dos moucos.
Busco a abstração,
o exagero dos ideais,
mesmo que seja ilusão.
Da vida, eu entendo pouco,
mas ela também não me entende,
quer que eu faça coisa normais,
igual a todos os mortais.
Mas eu não...
Eu sonho demais.
(1990)

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