13 abril, 2011

Enredo



Perdi-me num emaranhado de palavras,
Grávida de verbos por nascer.
E quando rompi os laços
E busquei por suas mãos,
Você já não estava...
Em seu lugar, versos de despedida.
Poemas de mau gosto.
O amor não salta de linha em linha.

Ventos de Março

O amor ainda em brasa,
Esquecido no ensejo da lida,
Traz nuvens pra dentro de casa
E cinzas pra nossa vida.
O vento que atiça a chama,
Ao vê-la apagada, empedernida,
Assovia um canto triste
Em trilhas de despedida.

Pelo caminho


Era só uma saudade. Uma lembrança estendida no banco de trás...
Pai, falta muito pra chegar?
Não, filha. É logo ali.
Misturei expectativas com bolachas de água e sal.
Veio a sede, veio a chuva. Veio o medo.
Estamos chegando, filha.
Cuidado com a curva, vá devagar.
Eu tenho pressa e Deus é calmo.
Falta muito, mãe?
Não, filhinha, já está perto.
Veio o colo, veio o som e o sono.
Cochilo nuvens de carneirinho,
Entre afetos e  cantigas.
Quem quer bala de goma?
A vermelha é minha!
Pega duas.
Olha só que lindo ali na frente!
O sol vai cair no rio...
Ainda demora?
Não, filha. Já chegamos, você não viu?
Não vi, mãe.
Quando o caminho é bom, a gente chega de mansinho.