20 agosto, 2009

“Minha Flor”




Gosto quando assim me chama.
Floresço sem medo
neste árido chão.
Crio raiz, caule e folha
e deito pétalas em sua mão.
Sim, sou sua flor,
e quero que você me (a) colha.

Lar

Sei que anda perdido,
Tropeçando em seus passos,
Apoiando em falsos braços,
Vagando a esmo no breu.
É tolice tanta procura...
A sua casa sou eu.

Para sempre



A esperança sonâmbula
vagueia pela casa
em busca de fragmentos
do amor já vivido.
Revira gavetas,
beija fotografias,
relê bilhetes
e cola flores em seu diário.
O tempo da saudade desconhece calendário.

O sal da água


A pia goteja sem trégua,
molhando a solidão da noite.
Há sal na água que verte?
A boca seca,
o nó na garganta,
e a sede que a ilusão não mata
entornam pouco a pouco a minha saudade.
Nenhuma verdade vem aquecer o meu sonho,
as minhas insônias são repletas de umidade.

Alitalia

Venha logo, meu amor.
Não se acanhe com a estação.
Para quem acredita em milagre,
Uma réstia de sol é verão.

Baldio

Invejo o mato que nasce
sem cultivo, sem cultura.
Cobre lentamente o solo descuidado
E se estende sem nenhuma vaidade.
Vive sem um propósito,
cresce por teimosia.
Invejo o mato sem filosofia.

Reverso da voz

Eu gosto do silêncio.
Os rumores das palavras
nem sempre
contam uma história feliz.
Cansei de tanta prosa!
De tanta fábula mentirosa...
Não sou atriz,
sou poeta!
Levo a sério tudo que me diz,
sofro com frases incompletas
e me calo como me convém.
Porém,
em meio ao silêncio
e sons dispersos,
jamais serei
uma mulher sem versos.

Aresta


Pelo pouco que nos resta,
pela ressaca antes da festa,
pelo diálogo que não presta,
pelo vislumbrar da fresta,
deixe-me só por onde eu for.
Por nós,
Por amor,
Por favor!