03 julho, 2007

Hoje a lua está tão cheia da sua ausência....

Sem poesia

O poema fugiu,
nem arrumou as malas,
nem deixou bilhete,
sumiu, simplesmente.
Deixou o livro em branco
e o dia mais vazio.
Mas pra que preciso de palavras?
As palavras são cruéis.
Vá, me deixe em paz,
pode sumir de vez.
Não quero fazer versos
e tenho raiva de poetas.

Chove


Finda a tarde.
A primeira estrela
finca sua ponta no céu
e ele se desmancha
em nuvens de sangue.
O sol vai-se embora,
a lua, tímida, não vem.
E num esforço contínuo
em manter sua luz,
o céu esgotado,
transpira.

Exato

Eu quero
o preto no branco,
o concreto,
o exato.
Não quero
tão somente
sua fotografia
em meu quarto.
Quero o seu corpo
sobre o meu,
agora, no ato.
Chega de palavras,
retratos e promessa.
O tempo é curto
e o corpo tem pressa.