Na parede, sombras retratam meu medo. Estranhos seres que me assombram com olhos iguais aos meus. Não sou eu a criatura. Não sou eu. Apago a luz, descanso os temores que vivem aqui por perto. Adormeço como quem já não sonha de olhos abertos.
Diz o ditado: “De pensar morreu um burro” mas eu juro que eu vi morrer a raposa também. Se pensar é perigoso, sentir é morte fatal. Prefiro, então, ser andorinha ou mesmo um simples pardal.
Cansei. Eu não te amo, tu não me amas. Somos dois a camuflar decepção. É tudo mentira, pura invenção. Um jogo de aparências, uma troca de ilusão. Somamos as carências, dividimos solidão.