30 outubro, 2007

Insensatez

Já me disseram que não é certo,
mas a idade, por sorte,
me conferiu alguma insensatez.
Aqui bem perto mora o desejo
e eu não sei onde vive a lucidez...
Que a implacável inimiga do sonho
jamais me encontre.
E que me perdoem os lúcidos
e os mortos,
mas a loucura é que nos dá gosto.
A loucura é doce
e eu adoro mel.

2 comentários:

Anônimo disse...

Poetisa, o mel de sua poesia derrama em seus doces lábios. Das entrelinhas de seus versos guardo para mim a geléia real que me nutre e o própolis que me cura da mais cruel enfermidade: a lucidez.

Anônimo disse...

Crônica do Formigueiro.

Numa bela manhã, ainda embriagado pelo pelo consumo excessivo de néctar e pelo aroma dos melhores perfumes, aterrissei num formigueiro e ali mesmo adormeci. As pequenas lava-pés chegaram de mansinho, mas o ataque foi fuminante. Cada ferroada era seguida de uma indagação ofensiva, ou melhor, duma imputação criminal:
Você gosta de mel?
Gosta também de voar, não é?
E das flores, você gosta?
Você acha que é um beija-flor?
Qual seu perfume predileto?
Ainda se lembra da Margarida?
E da Acácia? E da Rosa?
Me defendi como pude e tratei de levantar vôo sem entender a raíz do delito. Não é só por prazer, há também a necessidade da existência! E eu que subestimava as formigas, elas não têm asas, não têm perfume, nem doçura e muito menos beleza; no entanto, são muitas, são unidas e ardilosas.