13 abril, 2011

Enredo



Perdi-me num emaranhado de palavras,
Grávida de verbos por nascer.
E quando rompi os laços
E busquei por suas mãos,
Você já não estava...
Em seu lugar, versos de despedida.
Poemas de mau gosto.
O amor não salta de linha em linha.

Ventos de Março

O amor ainda em brasa,
Esquecido no ensejo da lida,
Traz nuvens pra dentro de casa
E cinzas pra nossa vida.
O vento que atiça a chama,
Ao vê-la apagada, empedernida,
Assovia um canto triste
Em trilhas de despedida.

Pelo caminho


Era só uma saudade. Uma lembrança estendida no banco de trás...
Pai, falta muito pra chegar?
Não, filha. É logo ali.
Misturei expectativas com bolachas de água e sal.
Veio a sede, veio a chuva. Veio o medo.
Estamos chegando, filha.
Cuidado com a curva, vá devagar.
Eu tenho pressa e Deus é calmo.
Falta muito, mãe?
Não, filhinha, já está perto.
Veio o colo, veio o som e o sono.
Cochilo nuvens de carneirinho,
Entre afetos e  cantigas.
Quem quer bala de goma?
A vermelha é minha!
Pega duas.
Olha só que lindo ali na frente!
O sol vai cair no rio...
Ainda demora?
Não, filha. Já chegamos, você não viu?
Não vi, mãe.
Quando o caminho é bom, a gente chega de mansinho. 

08 junho, 2010

Espólio

A poesia há tempos não me visita,
Mas meus versos mudos
Passeiam pela casa.
Soltos, livres...
Assustando paredes,
Incorporando canções,
Imaculando o silêncio.
A alma calada reconhece o susto e canta.
Minha casa é um livro fantasma,
E eu moro na palavra que me espanta.

20 agosto, 2009

“Minha Flor”




Gosto quando assim me chama.
Floresço sem medo
neste árido chão.
Crio raiz, caule e folha
e deito pétalas em sua mão.
Sim, sou sua flor,
e quero que você me (a) colha.

Lar

Sei que anda perdido,
Tropeçando em seus passos,
Apoiando em falsos braços,
Vagando a esmo no breu.
É tolice tanta procura...
A sua casa sou eu.

Para sempre



A esperança sonâmbula
vagueia pela casa
em busca de fragmentos
do amor já vivido.
Revira gavetas,
beija fotografias,
relê bilhetes
e cola flores em seu diário.
O tempo da saudade desconhece calendário.

O sal da água


A pia goteja sem trégua,
molhando a solidão da noite.
Há sal na água que verte?
A boca seca,
o nó na garganta,
e a sede que a ilusão não mata
entornam pouco a pouco a minha saudade.
Nenhuma verdade vem aquecer o meu sonho,
as minhas insônias são repletas de umidade.

Alitalia

Venha logo, meu amor.
Não se acanhe com a estação.
Para quem acredita em milagre,
Uma réstia de sol é verão.

Baldio

Invejo o mato que nasce
sem cultivo, sem cultura.
Cobre lentamente o solo descuidado
E se estende sem nenhuma vaidade.
Vive sem um propósito,
cresce por teimosia.
Invejo o mato sem filosofia.

Reverso da voz

Eu gosto do silêncio.
Os rumores das palavras
nem sempre
contam uma história feliz.
Cansei de tanta prosa!
De tanta fábula mentirosa...
Não sou atriz,
sou poeta!
Levo a sério tudo que me diz,
sofro com frases incompletas
e me calo como me convém.
Porém,
em meio ao silêncio
e sons dispersos,
jamais serei
uma mulher sem versos.

Aresta


Pelo pouco que nos resta,
pela ressaca antes da festa,
pelo diálogo que não presta,
pelo vislumbrar da fresta,
deixe-me só por onde eu for.
Por nós,
Por amor,
Por favor!

10 junho, 2009

Apreço

Aprecio as cores com que o tempo explica a vida.

20 abril, 2009

Nado Livre


Neste turbulento mar de emoções,
mergulho.
Na insolência da alma,
os sonhos não se afogam.

Áries e Gêmeos


Um dia você será minha, disse-me ele em dois mil e sete.
Nunca, jamais! Porém eu gosto de mudar de opinião
e gosto ainda mais de quem faz aquilo que promete...

Olhos Nus


No amor,
os olhos sempre se despem primeiro.

Simbiose




Só eu sei o quanto doeu
descolar minha pele da tua
e arrancar o amor
cravado em cada poro.
Chorei. Não por ver-te partir,
mas por não me deixares inteira.

Pra dizer Adeus





Cansei de caminhar pisando
nas asas do tempo.
Ficarei por aqui até você voltar
e me dar coragem pra levantar voo..

Sem Espaço


Depois da sua partida,
Tudo que experimento
Tem prazo de validade
E curto tempo de vida.
Meu coração não espera.
Bate, mas não acelera.
Pulsa, e não vibra.

Fuga

Visto a minha fantasia
e coloco a máscara da beleza.
Ainda assim sou eu,
serei sempre eu,
mesmo que você não me veja
e eu nunca mais olhe no espelho.

Coisa Nenhuma



Escapam de minhas mãos
as letras tristes dos papéis.
Fogem da solidão das palavras
e do vazio dos meus dedos sem anéis.

13 abril, 2009

Antes de você


Havia muitas estrelas
Nos meus olhos,
Mas até então eu não sabia.

Lembranças

Eu me banhava com calma
escolhia meu vestido,
e perfumava meu corpo
como quem oferece um jardim.

Você chegava cansado,
e amassava minha roupa,
com o amor que alisa a alma.
Era sempre assim.


Umidade


Enxuga-me a lágrima que cai,
sem desfazer o que está feito.
Não há perdão que seque
o que molha dentro do peito.

Reforma Ortográfica




Neste emaranhado de palavras e fotografias,
preciso atualizar o meu dicionário de memórias.
Traduzir emoções para o meu próprio português
e nas mal traçadas linhas da minha biografia,
fazer as devidas correções. A lápis, desta vez.

12 abril, 2009

Belvedere


O sol espiava o idílio e, por cumplicidade, tardou a nascer.

10 abril, 2009

Movimento Natural

Após a tempestade,
a espuma do mar
acaricia lascivamente a areia
com seus braços sedutores,
envoltos em brancos véus.
A areia,
exausta da tormenta,
se deixa ir.
Leve, suave, branda,
vagando ritmada
nesta dança ondulante.

04 abril, 2009

Campo Santo

Nunca tinha visto aquele jardim. Não com estes olhos, não como se fosse meu.
Era um imenso gramado áspero. Orvalhado em pequenas e múltiplas gotas gélidas.

Por perto, flores azuis. Claras, rijas, frias.
A árvore chorava suas folhas secas sobre a grama, sufocando-a. Ninguém notava.
O mármore cinza, inerte, fitava-me e mostrava as suas datas e dores. Eu silenciava.
Os caminhos, todos de pedra, formavam ruelas estreitas, longas, sem saída.
Eu olhava o muro. Mas o céu estava longe.

Limite



Tão nociva quanto a sua presença,

é esta impossibilidade que me assombra

e me mostra

que até mesmo o sonho, um dia, acorda.

27 março, 2009

Sentença

Digas se me amas e te direi quem és.



06 março, 2009

Êxtase e Entrega

Gosto de decifrar os teus olhos
e de somar tuas palavras
com as melodias que conheço.
Gosto de deitar os meus sonhos
em teu ombro
e deixar que meus cabelos
molhem teu peito,
secando meus temores.
Gosto quando tuas mãos
seguram meus desejos
fazendo tremer de êxtase
minha liberta alegria.
Gosto de me ver em ti,
atordoada e inteira.
Gosto daquilo que tens
e do que não tens,
porque recebo à tua maneira.
Gosto de te ver ao meu lado,
pouco a pouco em minha vida.
Gosto de te ver desarmado.
Eu estou rendida.

Certezas


O sim, o não e o talvez.
Razão que tudo prova,
Fantasia e sentimento.
Pretextos que explicam
A falta e o complemento.
Explícitas ilusões,
Verdades inventadas,
Mentiras sonhadas
Na real condição.
De leve e inteira,
Oculta exatidão.
Dúvida e resposta,
Exposta certeza,
imaginação...
O que dá
E o que nega,
O que repudia
E o que esfrega.
O que ama,
o que despreza,
O que pragueja
E o que reza.
O doce e o sal,
O bem e o mal,
O que finca raiz
e o que levanta vôo,
Eu sou.

Poeminha Para Ele


Amo você.
E esse amor,
É amor de lua
E de sol do meio-dia,
Bom dia.
Amor de alma,
Amor de corpo,
Absorto no prazer.
Amor que dá gosto,
O gosto.
Amo você.
E o tudo é nada,
E o muito é pouco
E o mundo é tolo,
Sem ter você.

Saúde!

Gosto de pensar que a vida é longa.
Sobra-me tempo para mais alguns enganos.





13 dezembro, 2008

Gole

Não quero amostras
do que já conheço o conteúdo.
Brinde-me em efêmeras taças,
mas deixe-me saborear tudo.

05 dezembro, 2008

Novo Blog

Para quem quiser ler minhas crônicas:

11 novembro, 2008

Sem palavras


Não há voz

e nem poesia.


A espera é o silêncio da alma

e minha dor é muda.

21 outubro, 2008

Atemporal

Era pouco o tempo
que tínhamos para nós.
Mas nós o possuímos,
mesmo sem poder detê-lo
E tão infinito foi o momento,
que o amor cumpriu seu trajeto
e encerrou sua viagem.
Seguimos nosso caminho.
Eu, em minhas planícies,
você, em suas colinas.
Cada um em seu mundo,
sem nunca se separar.
Amor, amore, tanto faz.
Norte e sul
estão há quilômetros

de instantes atrás.

14 outubro, 2008

O Veneno de Romeu e Julieta

Juntos permanecem.
Sem romance,
Sem sexo,
Sem nexo.
Ele diferente,
Ela indiferente:
Cada um morrendo
Ao seu modo.

Cadente

De que vale ser estrela quando já se perdeu o céu?

E para nosso deleite...

E são tão doces!

(des)acompanhados

cecilia é uma ilha
cercada de gente
por todos os lados.

25 setembro, 2008

Soberba


Ouço meu coração bater
inutilmente.
Pobre velho arrogante.
Senhor de si
e dono de ninguém.

22 setembro, 2008

Réplica


Que o amor chegue...
Nunca antes
de começar
o tempo das trocas.

Visita


Não saberia viver contigo novamente.
Aprendi a viver de esperas.
Não de esperanças.

18 setembro, 2008

Segredo


Entre o abraço amigo
e o espaço por de trás do sonho,
escondo delicadamente o meu desejo.

Imaginação

Embalo poemas
numa rede curiosa.
Estou tranqüila aqui...
Ninando palavras,
pensando.
Imagino futuros e sorrio,
mais ou menos te amando.

Ensejo


Lá fora
Folhas arrastam o tempo
Enquanto nós dois
Permanecemos
Totalmente alheios
Ao ruído das horas.

Pontuando

Suas reticências...
Minha interrogação.
Amor sem ponto final,
sonha com exclamação.

Observação


O amor é breve. A saudade é que é eterna.

10 setembro, 2008

Ilusão

Estou prestes a dar à luz
A mais uma esperança bastarda...
Gerar um amor que não posso sustentar,
Acolher em meus braços
Um desejo ilegítimo.
E aguardar resignadamente
O nascer da insana criatura...

Bolo


Acordo nublada.
Tomo um café,
fumo um cigarro,
fico cansada.
Nem sei que dia é,
nada me apetece.
O celular avisa que é seu aniversário...
Como se eu não soubesse.

20 agosto, 2008

Quem vai pagar por isso?


A injustiça, cega e crua
Corta impunemente a alma nua,
Que ao carrasco se entrega.
Sem direito à defesa,
A retidão permanece presa
Numa cela que não lhe cabe.

Basta

Não, ele não é como eu sonhava. Tem centímetros a menos de romantismo e metros a mais de sedução. Ele não lê meus poemas e nunca me trouxe uma flor. Mas ele sabe a cor exata dos meus lábios e me acha bela.
As promessas que esperava, ele nunca disse. Mas me encheu de esperança e me fez sentir menina. Eu gostei.
Ele não prestou atenção na música que escolhi para ouvir, mas eu dancei assim mesmo . E ele sorriu.
Eu queria fazer do seu ombro o meu descanso, no entanto ele não me deixa dormir quando está por perto e me tira o sono quando está longe. Ele não é quem eu sonhei, mas é quem me faz sonhar.
Quando eu falo em um idioma que ele não conhece, ele grita nomes indecifráveis. E eu entendo.
Por vezes gostaria que ele mudasse, mas agora eu já decorei os seus poros e não quero aprender outra tez. Tem momentos que ele reclama de mim e tenta me ensinar o jeito certo. Mas ele não sabe e erra. Eu perdôo outra vez.
Ele repara em cada nova ruga que me aparece, mas ele me olha. E eu o vejo como ele é.
Ele sabe o que eu quero e às vezes me nega. Mas se eu choro e lhe faço um carinho, ele me entrega.
Se quero ficar só, ele se aproxima e cisma. Se fico forte, ele tem medo e se afasta. Desconfia, sofre e volta sem graça. Isso passa.
Eu queria que ele me mostrasse o mundo, mas eu...
Eu só tenho olhos para vê-lo.
E isto me basta.

Ignorância

Tudo que eu sei
Não evita a dor,
Nem cega a navalha.
A estratégia aprendida
Não garante a vitória,
Nem cessa a batalha.
Tudo que eu não sei
Não evita a falha,
Não completa o leito
E nem ao menos,
Cabe em meu peito.

19 agosto, 2008

Resumo


Minha vida é um pequeno livro de bolso, cheia de erros e figurinhas.


11 agosto, 2008

Exclusividade II


Estranho você duvidar do meu prisma...
Primeiro pensa, depois cisma.

07 agosto, 2008

Adeus




Vou-me embora plena de poesia.
Se lágrimas correrem em meus olhos,
serão de alguma alegria.

Alumbramento

Descanso meu corpo nas nossas memórias
Com a esperança retida no que vivi.
Deixo os olhos pregados na saudade.
E trago os versos que acumulei de ti.